1.14.2014

A mão forte.


O Copom – Comitê de Política Monetária começa hoje sua primeira reunião de 2014, na qual decidirá, entre outras coisas, o reajuste da taxa básica de juros, a Selic. A previsão é de um aumento de até 0,5 ponto percentual, elevando a taxa dos atuais 10% ao ano para 10,5% a.a, com o objetivo de controlar a inflação.

A preocupação com a inflação continua, mas, na minha opinião, o governo deve cortar sua própria carne, através da redução dos gastos públicos, um dos maiores vilões do descontrole monetário. Deixar de usar medidas paliativas e enfrentar o problema de frente, buscando suas causas reais. Lembre-se que o índice de inflação real seria muito maior, não fosse a mão forte do governo, que usou a máquina estatal para regular os preços. Fechamos o ano de 2013 fora da meta da inflação. A meta era de 4.5% a.a e a inflação acumulada alcançou 5,91% a.a. Sem a intervenção no preço dos combustíveis acredito que chegaríamos perto dos 8% a.a. Outro erro grave do governo é achar que fechou o ano dentro da meta. Errado! A meta era 4,5% a.a com uma margem de 1,5 ponto para cima. Ou seja, o governo confunde margem com meta/objetivo. 

Um exemplo da miopia causada pelo governo nos consumidores é a chamada taxa 0% para financiamentos de automóveis, usada durante todo o ano de 2012 e 2013. Utilizaram-se da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil para financiar o tal crescimento econômico brasileiro. Diante deste fato, os bancos privados das montadoras foram atrás do bonde e também "criaram" a sua taxa zero. À custa de quê? Do aumento do preço do próprio veículo. Embutiram o custo da operação no preço do automóvel, pois a conta não fechava. O custo do dinheiro é de  10% a.a e estavam emprestando a 0% a.a. Sem perceber, quem pagou essa conta foi o próprio consumidor, tanto o que financiou quanto o que comprou o automóvel à vista.

Ora, se o conceito de inflação é um aumento generalizado de preços, pode-se imaginar a contribuição dada por essas operações ao índice inflacionário no ano de 2013. 
O governo precisa rever as suas contas e baratear o custo de operação da própria máquina pública, ao invés de usá-la ao seu bel prazer para tapar as trapalhadas de uma política econômica equivocada.

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